É uma figura autorizada quem assim o afirma. Nada mais, nada menos que Camilo de Sousa. Ele que começou a trabalhar profissionalmente no cinema em 1978, mas que acompanhou quase todos os movimentos históricos ligados ao cinema moçambicano. A ocasião foi pública. Tratou-se da mesa redonda na cerimónia de abertura do ano académico no ISARC – Instituto Superior de Artes e Cultura. O tema era Cinema e audiovisual em Moçambique, história e perspectivas de futuro. Coube-lhe o papel de fazer uma resenha histórica. Então falou: “a pornografia faz parte do cinema moçambicano”. Depois explicou: “foi durante a década de 60 a 1974 que produtoras portuguesas e sul africanas instalaram-se na então cidade de Lourenço Marques, hoje Maputo, e arregaçaram as mangas para a produção de filmes pornográficos. A razão da fixação das produtoras em Moçambique prende-se com o fascismo em Portugal e o sistema de apartheid na África do Sul que não permitiam o contacto entre negros e brancos. E isso encontravam com relativa facilidade em Moçambique”.