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Mbeu Numa Absurda Espera Pelo Godot

Quando por detrás de uma cortina tem barrigas que sentem um friozinho, e a frente da cortina temos ansiedade dos que se sentam nas cadeiras, significa que estamos perante um espectáculo que está prestes a começar. Foi assim no sábado, dia 29/05, no palco do CCBM, na cidade de Maputo. O espectáculo era a encenação de um texto de Samuel Backett, e que texto!

Eliot Alex encenou um elenco que conseguiu estar ao nível do soberbo texto. No pálco Yolanda Fumo, Arlete Bombe e outros actores preencheram os espaços interpretando personagens em situações tragicómicas, personagens presas a situações insolúveis e obrigados a clichés e receptibilidade das acções e desligadas da realidade; aliás são estas algumas das características do teatro do absurdo que esteve em voga na Europa da década de 50 e que Samuel Backett foi um dos expoentes ao lado de autores como Harold Pinter, Antonin Artaud entre outros.

Didi e Gogo (Vladimir e Estragon no texto original) interpretados por Yolanda Fumo e Arlete Bombe, esperam pelo Godot numa esquina qualquer, junto a uma árvore qualquer. Não sabemos porque esperam e nunca ficamos a saber. Até porque o tal Godot nunca chega. E durante essa espera acontecem peripécias improváveis que só poderiam ser cometidas por doidos ou pessoas que não têm noção da realidade. Nesse curso a única coisa que ficamos a saber são os traços gerais do story back das personagens. Por exemplo ficamos a saber que Gogo fora um assassino em massa, provavelmente um executor de ordens administrativas, numa daquelas instituições que usam a eliminação física dentro do seu quadro procedimental. Por ai, esse Gogo pode muito bem nos lembrar Eichimann do regime nazista, que foi imortalizado por Annan Arendt em Eicmann em Jerusalém.

Sob ponto de vista de conteúdo, Samuel Backett usou as desigualdades sociais, a miséria dos pobres perante a exuberância dos ricos para suportar a narrativa. No entanto, a narrativa não é moralista e nenhuma personagem é vítima, embora em algum momento nos pareçam boas. Samuel Beckett faz personagens viverem dentro de condições políticas a que são impostas pelo contexto social. A peça foi exibida no âmbito do Festival Internacional do Teatro de Inverno que decorre em Maputo na sua 17 edição.

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