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O Tempo dos Leopardos

O Tempo dos Leopardos

A independência nacional fez nascer uma rica história do cinema moçambicano. Um cinema que foi ao encontro do cidadão ate ao mais recôndito canto do país. Informando-o, alfabetizando-o. Enfim, instruindo-o. Teve essa tarefa os kuxa kanema. Noticiários que eram projectados nas comunidades em telas. Tiveram o mérito também de construir a unidade nacional, mostrando aos moçambicanos o que uns e outros faziam. Foram também produzidos filmes de longa metragem, como o caso do tempo dos Leopardos. Nesta edição iniciamos uma série de entrevistas que vão nos contar o contexto da produção da primeira longa metragem moçambicana. A figura desta edição é nada mais nada menos que Machado da Graça. Ele que trabalhou no filme como actor e director de arte.

Começa por clarificar que o Tempo dos Leopardos foi efectivamente a primeira longa metragem de ficção no Moçambique independente. É verdade que Rui Guerra, já em 1978 realizou o filme Mueda, massacre e memoria. Mas esse filme não é propriamente ficção. É um documentário do género docudrama. Na verdade Rui Guerra deu origem ao género de cinema que hoje em dia Lucineo de Azevedo faz, quando realiza documentários.

Cara cultura – O que motivou a produção do filme O Tempo dos Leopardos?

Machado da Graça – O tempo dos leopardos foi uma decisão política do regime de então, de produção de um grande filme de exaltação da luta armada. Teve influencia da Jogoslavia que tinha uma grande experiencia de produção de filmes que exaltavam a resistenciajosgoslava contra o nazismo.Nao foi por acaso que se foi buscar uma equipa jogoslava para dirigir o filme.

CC – Como foi rodado o filme?

MG – As varias equipas técnicas eram dirigidas por Jugoslavos, mas em todas elas o numero dois era moçambicano. Apenas duas áreas eram dirigidas por moçambicanos, a produção e direção de arte. Essa área era dirigida por mim. Na altura não havia ninguém em Moçambique que entendesse de direção de arte, cenografia, adereços, etc, e eu tinha experiência de teatro. Tive que ser um moçambicano a dirigir essa área porque tinha necessidade de ser alguém com conhecimento da realidade, para contribuir no sentido de dar verossemelhanca as cenas.

CC – O filme foi rodado em 1984, período de grandes carências económicas. Terá sido fácil gerir a produção nesta área?

MG – De facto o filme foi produzido numa altura em que nao havia nada nas lojas para comprar. No entanto o governo estava muito interessado no filme de tal maneira que investiu bastante. De certeza que foram desviados recursos de outros sectores para que o filme fosse uma realidade.

CC – Quais foram as alocações do filme?

MG – A maior parte das cenas foram gravadas na ilha de Inhaca. Em teoria o filme passou-se em Cabo Delgado. Por essa razão procurou-se trabalhar ao nível da direção de arte para criar um contexto cultural e ambiental que lembrasse Cabo Delgado. Desde as roupas, a maneira de vestir, a forma como foram construídas as palhotas das populações, estc. A ilha da Xefina para a cena do assalto ao quartel e a Jugoslávia, para uma cena de interior foram outras locações do filme.

CC – Tem alguma recordação ligada ao sete de filmagem que tenha a ver com os actores?

MG – Facto interessante é que grande parte, senão a maior parte que fazia de actores que interpretaram militares portugueses tinham tido realmente uma vida militar portuguesa. Inclusive alguns tinham sido comandos. Portanto, tinham experiência real de combates. Durante as filmagens o passado militar deles vinha ao de cima a tal ponto de ao acabarem as filmagem um bom número deles ofereceu-se para fazer parte do exercito. E foram incorporados, numa altura em que o exército governamental combatia a RENAMO.

CC – Como se explica que o cinema tenha tido a queda que sofreu depois deste boom dos primeiros anos da independência?

MG – O cinema não era encarado como cultura, mas como propaganda, como um instrumento de propagação de ideias. Na altura não havia televisão. Aquilo que é hoje trabalho da televisão foi entregue ao cinema. O cinema era considerado um órgão de comunicação do que um instrumento cultural.

O nascimento da televisão mata o cinema. O cinema deixou de ser útil nessa sua função de órgão de comunicação porque passou a haver a televisão que tem outra dinâmica, outra velocidade. A comunicação que se fazia entre o governo e a população que antes se fazia pelo cinema passou a ser feita pela televisão com muito mais rapidez, muito mais eficácia e com muito mais resultados.

O tempo dos Leopardos
Filme o tempo dos Leopardos

Raptos e resgates é o mundo criminal em filme a ser rodado pela Mahla Filmes

Trata-se de uma produção genuinamente moçambicana. Pipas Forjas e Mikey Fonseca decidiram ariscar numa produção de longa metragem. O tema não poderia ser mais inusitado! Raptos. O titulo chama-se Resgate. Já esteve quase tudo pronto para a rodagem arrancar a meses atrás, mas questões de detalhes financeiros tramaram. Os preparativos para o início da rodagem estão na ordem do dia. As claquetas irão começar a orientar actores e técnicos para a acção a partir de 22 de Outubro corrente.
Pelo título, tema e roteiro dá para especular tratar-se de um filme de acção. Resgate será assim a primeira produção nacional a fazer uma aposta comercial.

Dia do CD do dia 26 de Maio conta com Texito Langa na cessão de Autógrafos

MIGHTY VIBRATION (Texito Langa) | domingo 26 de Maio | Dia do CD | no beergarden no jardim dos Madjerman nas esquinas Av. 24 de Julho com Av. Albert Luthuli | a partir das 10:00 horas

Centro Cultural Português em Maputo dedica o mês de março ao premiado escritor português Gonçalo M. Tavares.

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No âmbito da iniciativa Escritor do Mês, o Camões – Centro Cultural Português em Maputo dedica o mês de março ao premiado escritor português Gonçalo M. Tavares.

Com o objetivo de aprofundar o conhecimento do trabalho do autor, terá lugar no próximo dia 26 de março, às 17h00, uma sessão intitulada “O Oficio da Literatura”, moderada pelo académico Mário Forjaz Secca, na Biblioteca do Camões – Centro Cultural Português.  A sessão contará também com a leitura de excertos das obras O Senhor ValeryJerusalém e Uma Viagem à Índia.

Sessão gratuita e aberta ao público.

Notas Biográficas:

Gonçalo M. Tavares nasceu em 1970. Desde 2001 publicou livros em diferentes géneros literários e está a ser traduzido em mais de 50 países. Os seus livros receberam vários prémios em Portugal e no estrangeiro. Com Aprender a rezar na Era da Técnica recebeu o Prix du Meuilleur Livre Étranger 2010 (França), prémio atribuído antes a Robert Musil, Orhan Pamuk, John Updike, Philip Roth, Gabriel García Márquez, Salman Rushdie, Elias Canetti, entre outros. Alguns outros prémios internacionais: Prémio Portugal Telecom 2007 e 2011 (Brasil), Prémio Internazionale Trieste 2008 (Itália), Prémio Belgrado 2009 (Sérvia), Grand Prix Littéraire du Web – Culture 2010 (França), Prix Littéraire Européen 2011 (França). Foi também por diferentes vezes finalista do Prix Médicis e Prix Femina. Uma Viagem à Índia recebeu, entre outros, o Grande Prémio de Romance e Novela APE 2011. Os seus livros deram origem, em diferentes países, a peças de teatro, dança, peças radiofónicas, curtas-metragens e objetos de artes plásticas, dança, vídeos de arte, ópera, performances, projetos de arquitetura, teses académicas, etc.

Mário Forjaz Secca nasceu em 1957 em Moçambique, onde viveu até aos 17 anos, tendo aí aprendido a sonhar e sido contaminado pela Poesia. Foi de seguida para Inglaterra estudar Física, apesar de passar grande parte desse tempo imerso a ler e a escrever poesia. Ficou depois fascinado pela viagem, passando 8 meses em 1986 a dar a volta ao mundo sozinho. No final do périplo foi viver para Portugal onde passou muitos anos a ensinar na Universidade e a fazer investigação em imagem médica, particularmente sobre o cérebro. Atualmente trabalha em Imagem Médica no HCM e é Professor de Física Médica e Engenharia Biomédica no ISTEM. Publicou em 2015 o livro de poesia “A Criação da Memória”, com a chancela da Chiado Books.

 

PASSOS EM VOLTA é a nova peça da Companhia João Garcia Miguel, com estreia marcada para o Teatro Ibérico

PASSOS EM VOLTA é a nova peça da Companhia João Garcia Miguel, com estreia marcada para o Teatro Ibérico, dia 19 de junho de 2019.

Esta criação, que se inspira na obra com o mesmo nome de Herberto Hélder, vai estar em cena nos dias 20, 21, 22, 23, 26, 27, 28, 29 e 30, sempre às 21h30, no Teatro Ibérico, em Xabregas, Lisboa. A ante-estreia acontece um pouco antes, no dia 8 de junho, no Centro de Artes Contemporâneas, em  S.Miguel, nos Açores.

No elenco de atores temos João Lagarto, David Pereira Bastos, Duarte Melo, Beatriz Godinho e a atriz italiana Lara Guidetti.

A adaptação, direção e espaço cénico pertencem a João Garcia Miguel, assistido por Rita Costa. A direção técnica é de Roger Madureira e a música é de Rui Gato.

A partir da obra Passos em Volta de, Herberto Hélder, pretendemos pensar a história de um poeta e de um país que faz parte de um continente em extinção: a Europa tal como a conhecemos. É também um espetáculo sobre o teatro e aqueles que dedicam a sua vida à poesia feita através dos seus corpos. A realização do espetáculo vai conjugar-se com workshops de captação de potenciais atores onde a construção da peça será discutida. Vamos construir um estúdio poético onde a obra de arte e as suas relações com o mundo serão abordadas.

“Vamos invocar vários temas importantes para nós e questionar os modos de fazer. Vamos usar as palavras e o dizer, os sentidos e a poesia que anseia pelo paradoxo do amor que desespera de amar. Vamos agarrar-nos ao invisível, naquilo que tem de mais durável, de permanente, pois o visível está em permanente mudança e de facto, não nos traz nem satisfação nem confiança”, João Garcia Miguel.